Técnicas de Pesquisa
Estudos Fílmicos (Film Studies), Tv Studies
A produção audiovisual de uma nação que inclui uma identidade e cultura própria é um elemento fundamental para a compreensão desta cultura e até para assegurar a sua memória. No entanto, assiste-se na comunidade académica a uma certa desvalorização da produção de conteúdos cinematográficos e televisivos esquecendo-se, desta forma, o seu contributo para a compreensão cultural, social e individual da nação que representam. No que respeita a estudos fílmicos portugueses, os mesmos encontram-se centrados na óptica da recepção e portanto no estudo de caracterização sócio-demográfica das audiências, seguindo uma abordagem quantitativa, por vezes pouco explicativa com um enquadramento teórico baseado nos estudos de: Dudley Andrew (1984) Concepts in film theory, David Bordwell (1991) Making meaning; Janeit Staiger (1992) Interpreting films, Barbara Klinger (1994) Melodrama and Meaning e Robert Stam (2000) Film Theory: an introduction.
Contudo e graças à iniciativa de Vítor Reia-Baptista [(2003) A Pedagogia dos Media: o caso do cinema e das linguagens fílmicas] e do grupo de estudos fílmicos da SOPCOM, têm surgido estudos significativos que apelam à utilização dos Estudos fílmicos numa óptica pedagógica enfatizando a necessidade de: analisar géneros cinematográficos; contextualizar referências intertextuais; relacionar a história, as técnicas, as tecnologias e as correntes estéticas; descodificar e codificar as mensagens culturais, políticas, económicas, sociais, étnicas, éticas, estéticas e poéticas. Neste sentido e para além das audiências, os Estudos Fílmicos (ou audiovisuais para assim incluirmos narrativas televisivas) são abordadas na óptica da produção, do conteúdo e da pedagogia. Esta última assumindo um papel dominante se considerarmos o fenómeno comunicativo global.
Assim sendo, o cinema possui três tipos de dimensão pedagógica:
1. Afirmativa: onde é desenvolvida uma tese (pathos) conforme os valores e as normas dominantes no contexto sociocultural em que se insere, reforçando-as com a reprodução. O papel pedagógico cria, preserva e enaltece a identidade histórica e cultural de um povo (ex. do cinema norte-americano);
2. Interrogativa: onde são questionadas as narrativas afirmativas, assim como as instituições políticas, militares, sociais e culturais. Narrativa característica do cinema europeu e japonês, mas cada vez mais presente a nível global;
3. Herege ou subversiva: não põe em causa, subverte os dogmas e mina-os.
A produção audiovisual de uma nação que inclui uma identidade e cultura própria é um elemento fundamental para a compreensão desta cultura e até para assegurar a sua memória. No entanto, assiste-se na comunidade académica a uma certa desvalorização da produção de conteúdos cinematográficos e televisivos esquecendo-se, desta forma, o seu contributo para a compreensão cultural, social e individual da nação que representam. No que respeita a estudos fílmicos portugueses, os mesmos encontram-se centrados na óptica da recepção e portanto no estudo de caracterização sócio-demográfica das audiências, seguindo uma abordagem quantitativa, por vezes pouco explicativa com um enquadramento teórico baseado nos estudos de: Dudley Andrew (1984) Concepts in film theory, David Bordwell (1991) Making meaning; Janeit Staiger (1992) Interpreting films, Barbara Klinger (1994) Melodrama and Meaning e Robert Stam (2000) Film Theory: an introduction.
Contudo e graças à iniciativa de Vítor Reia-Baptista [(2003) A Pedagogia dos Media: o caso do cinema e das linguagens fílmicas] e do grupo de estudos fílmicos da SOPCOM, têm surgido estudos significativos que apelam à utilização dos Estudos fílmicos numa óptica pedagógica enfatizando a necessidade de: analisar géneros cinematográficos; contextualizar referências intertextuais; relacionar a história, as técnicas, as tecnologias e as correntes estéticas; descodificar e codificar as mensagens culturais, políticas, económicas, sociais, étnicas, éticas, estéticas e poéticas. Neste sentido e para além das audiências, os Estudos Fílmicos (ou audiovisuais para assim incluirmos narrativas televisivas) são abordadas na óptica da produção, do conteúdo e da pedagogia. Esta última assumindo um papel dominante se considerarmos o fenómeno comunicativo global.
Assim sendo, o cinema possui três tipos de dimensão pedagógica:
1. Afirmativa: onde é desenvolvida uma tese (pathos) conforme os valores e as normas dominantes no contexto sociocultural em que se insere, reforçando-as com a reprodução. O papel pedagógico cria, preserva e enaltece a identidade histórica e cultural de um povo (ex. do cinema norte-americano);
2. Interrogativa: onde são questionadas as narrativas afirmativas, assim como as instituições políticas, militares, sociais e culturais. Narrativa característica do cinema europeu e japonês, mas cada vez mais presente a nível global;
3. Herege ou subversiva: não põe em causa, subverte os dogmas e mina-os.
Análise Fílmica
A – Stuart Hall – Decoding / Encoding | Vanoye e Goliot Lété – Descontruir / Reconstruir
A – Stuart Hall – Decoding / Encoding | Vanoye e Goliot Lété – Descontruir / Reconstruir
- Decompor a narrativa nos seus elementos constituintes (personagens, cenários, imagem, emoções, texto, entre outros).
- Descrever os elementos de análise que consideramos, compreender as ligações entre eles.
- Recontar a história de acordo com a nossa análise evidenciando a importância de cada elemento para o nosso objecto de estudo, normalmente relacionado com estudos culturais.
B - Framing
Quadros de percepção que se constituem como aspectos guia de interpretação da linguagem fílmica. Também conhecidos como “enquadramentos” [Stephen Reese (2001) Framing Public Life].
Três níveis de framing:
1. Rotinas, isto é, como as mensagens são construídas pelos profissionais [building frame];
2. Representação [media framing];
3. Audiências [audience frame].
* Nota: os estudos apresentados em A inserem-se no media framing.
Frames específicos (temáticos):
Nota: estes tópicos servem apenas para dar a conhecer aos alunos a existência destas abordagens. Para a sua utilização nos vossos trabalhos devem consultar as fontes indicadas.
Quadros de percepção que se constituem como aspectos guia de interpretação da linguagem fílmica. Também conhecidos como “enquadramentos” [Stephen Reese (2001) Framing Public Life].
Três níveis de framing:
1. Rotinas, isto é, como as mensagens são construídas pelos profissionais [building frame];
2. Representação [media framing];
3. Audiências [audience frame].
* Nota: os estudos apresentados em A inserem-se no media framing.
Frames específicos (temáticos):
- Consequências económicas [Semetko & Valkenburg (2000) "Framing European Politics"]
- Interesse humano [idem]
- Conflito [idem; Cappella & Jamieson (1997) "New Frames, Political cynicism and media cynicism"; Neuman (1992)]
- Moralidade [D'Haenens & Saeys (2001)]
- Atribuição de responsabilidade [Iyengar (1991) "Is Anyone Responsible? How Television Frames Political Issues"; Valkenburg (1999)]
Nota: estes tópicos servem apenas para dar a conhecer aos alunos a existência destas abordagens. Para a sua utilização nos vossos trabalhos devem consultar as fontes indicadas.
Figura 2 Representação Gráfica do storytelling
Storytelling
O Storytelling é uma técnica utilizada para retratar determinada realidade através de uma história que é contada. Contar histórias é algo intrínseco ao ser humano desde que comunica, com o intuito de partilhar conhecimentos, valores, ideias e crenças, de forma a criar sentido e significado para o que nos rodeia. Ao criarem esta ligação emocional, as histórias apelam aos sentimentos e às emoções e permitem uma maior memorização.
Porque é que contamos histórias?
Para inspirar e motivar pessoas; para nos ligarmos emocionalmente às pessoas e com elas criar compromisso; para influenciar as pessoas; para criar fé nas nossas posições; para construir e manter relações; para partilharmos conhecimento e contribuirmos para a valorização da nossa e da experiência do outro; para resolver conflitos entre pessoas e equipas.
O Storytelling tem-se afirmado em termos empresariais e políticos. Cada vez mais o Director-Geral é um contador de histórias: pessoais, corporativas e «inventadas», que procura motivar os seus colaboradores e humanizar a sua organização. Por sua vez, o político é uma personagem com infância, adolescência, que passou por grandes provações ao longo da vida e, acima de tudo, que quer ser visto como uma pessoa com um percurso «humanizado» e que consegue criar uma ligação emotiva com «o outro», com o eleitor. Em Estudos Culturais, as histórias permitem o reconhecimento dos conteúdos produzidos, e devem ser consideradas na exemplificação e na análise dos fenómenos.
O Storytelling também se afirma no digital. Vejam: What is digital storytelling?
Storytelling is digital
Como analisar anúncios publicitários?
1. Análise Sémica*
Um anúncio publicitário é uma composição que inclui um plano icónico e um plano linguístico. Por isso, podemos utilizar esta metodologia para:
. Evidenciar as funções da linguagem predominantes no plano icónico (imagem) e no plano linguístico (texto).
. Identificar os semas: nuclear, comum, diferencial, contextual ou classema, e a isotopia.
. Identificar os elementos do modelo actancial: destinador, adjuvante, oponente e a competência.
. Elaborar uma interpretação temática.
2. Análise Fílmica (simplificada)
Se estivermos perante um anúncio-filme o mais indicado é elaborar a análise fílmica identificando:
1. Desconstrução:
. Pathos – drama / conflito
. Ethos – moral da história.
. Clímax – ponto culminante
. Protagonista
. Principais personagens secundárias
. Dicotomias
2. Reconstrução
. Sinopse
. Análise contextual
Nota: o pathos, o ethos e o clímax só existem em histórias. Se estivermos perante uma reportagem (testemunhos, entrevistas) ou um filme demonstrativo de produto não existe história.
Como analisar campanhas de comunicação?**
A comunicação não é apenas publicidade. Quando outras técnicas são utilizadas, o enfoque da análise são as acções de comunicação e mensagens associadas. Todas as acções têm uma mensagem que deve ser individualizada e decomposta em:
. Produto: benefício
. Público Consumidor: motivação
. Objectivos da mensagem
. Alvos da mensagem (pode ou não ser coincidente com o público consumidor)
. Promessa e Prova
. Tipo de mensagem: conotação / denotação
. Tom da mensagem
. Elementos da mensagem
* Matéria abordada na cadeira de Semiologia.
Obra de referência: Courtès, J. (1979) Introdução à semiótica narrativa e discursiva. Coimbra: Almedina.
** Matéria abordada nas disciplinas de Comunicação Integrada e Publicidade e Relações Públicas.
1. Análise Sémica*
Um anúncio publicitário é uma composição que inclui um plano icónico e um plano linguístico. Por isso, podemos utilizar esta metodologia para:
. Evidenciar as funções da linguagem predominantes no plano icónico (imagem) e no plano linguístico (texto).
. Identificar os semas: nuclear, comum, diferencial, contextual ou classema, e a isotopia.
. Identificar os elementos do modelo actancial: destinador, adjuvante, oponente e a competência.
. Elaborar uma interpretação temática.
2. Análise Fílmica (simplificada)
Se estivermos perante um anúncio-filme o mais indicado é elaborar a análise fílmica identificando:
1. Desconstrução:
. Pathos – drama / conflito
. Ethos – moral da história.
. Clímax – ponto culminante
. Protagonista
. Principais personagens secundárias
. Dicotomias
2. Reconstrução
. Sinopse
. Análise contextual
Nota: o pathos, o ethos e o clímax só existem em histórias. Se estivermos perante uma reportagem (testemunhos, entrevistas) ou um filme demonstrativo de produto não existe história.
Como analisar campanhas de comunicação?**
A comunicação não é apenas publicidade. Quando outras técnicas são utilizadas, o enfoque da análise são as acções de comunicação e mensagens associadas. Todas as acções têm uma mensagem que deve ser individualizada e decomposta em:
. Produto: benefício
. Público Consumidor: motivação
. Objectivos da mensagem
. Alvos da mensagem (pode ou não ser coincidente com o público consumidor)
. Promessa e Prova
. Tipo de mensagem: conotação / denotação
. Tom da mensagem
. Elementos da mensagem
* Matéria abordada na cadeira de Semiologia.
Obra de referência: Courtès, J. (1979) Introdução à semiótica narrativa e discursiva. Coimbra: Almedina.
** Matéria abordada nas disciplinas de Comunicação Integrada e Publicidade e Relações Públicas.